E OS ANOS 20 EM PORTUGAL
1. Contexto
internacional e política externa portuguesa
As origens do
primeiro conflito mundial são inseparáveis de um cenário europeu em acelerada
desagregação. A paz na Europa esteve permanentemente ameaçada pela
intensificação das rivalidades internacionais, pela crescente corrida aos
armamentos e pelo nacionalismo exacerbado de algumas potências: a França
acalentava o sonho de reaver a Alsácia-Lorena; o pangermanismo proclamava
insistentemente a superioridade da raça germânica, ao mesmo tempo que a Rússia
fomentava o pan-eslavismo nas pequenas nações balcânicas dominadas pela
Áustria-Hungria e pela Turquia.
Também a
hostilidade gerada pela concorrência económica entre as potências industriais,
mormente entre a Inglaterra e a Alemanha, ameaçava esse clima de paz. A
política de alianças, por sua vez, tinha contribuído para o rompimento do
equilíbrio internacional: à formação da Tríplice
Aliança de 1882 - que
incluía a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália -
responderam a Inglaterra, a França e a Rússia com a Entente Cordiale, concluída em 1907.
Neste clima
de paz armada, qualquer incidente entre dois Estados podia redundar em grave
conflito internacional. Assim aconteceu em Junho de 1914, com o assassinato do
arquiduque Francisco Fernando, príncipe herdeiro da coroa da Áustria-Hungria.
Foi esse incidente que fez detonar um conflito que muitos anteviam,
erradamente, de curta duração, e que só acabaria em finais de 1918.
Quando eclode
a guerra, o regime republicano português não estava ainda consolidado.
Confrontava-se com pronunciamentos militares monárquicos, com acesas querelas
entre partidos, e debatia-se com uma incerteza estrutural que resultava da
dificuldade em obter uma maioria parlamentar estável para governar.
Em termos de
política externa, a posição portuguesa podia definir-se deste modo: “oscilava
num espaço triangular tendo por vértices Lisboa, Londres e Madrid e por
objectivos não ser tutelada pela Espanha nem banalizada pela Grã-Bretanha,
surgindo esta como o principal garante internacional da manutenção do império
colonial”.
É este
equilíbrio precário e instável de Portugal, balanceado entre a pressão do
perigo espanhol e o apoio da sua aliança
com a Inglaterra, que nos ajuda a entender as razões da participação na guerra,
servindo também para iluminar a complexidade da polémica travada pelos
republicanos democráticos contra os adversários da sua campanha
intervencionista
.
2.
Posicionamento dos diferentes partidos e actores
Mal o
conflito alastra à escala europeia e envolve todas as grandes potências, a
opinião pública portuguesa ganha consciência do quanto ele poderia afectar os
interesses nacionais. Sobre isso há um consenso generalizado, mas a
controvérsia instala-se quando se discute a melhor forma de defender esses
interesses. O que criou fracturas políticas permanentes em Lisboa foi a forma
de garantir o envolvimento da Inglaterra. As opiniões dividiram-se muito antes
de a Alemanha declarar guerra a Portugal, em 9 de Março de 1916.
Para a
maioria dos portugueses não restava qualquer dúvida de que o inimigo principal
era a Alemanha. Só que a “velha aliada” não lhes merecia inteira confiança. Se
a dependência nacional em relação à Inglaterra era quase completa - ao reconhecimento inglês se devia a
aceitação internacional da República -
não é menos certo que a simples existência da aliança não dava garantias
seguras de preservação do património colonial.
Participar ou
não na guerra foi o grande pomo de discórdia da I República. Por razões que se
prendiam sobretudo com a deficiente preparação militar portuguesa, a Inglaterra
colocava objecções à entrada de Portugal no conflito. Logo em Agosto de 1914 o
governo britânico solicita a Portugal que se abstenha de declarar a sua
neutralidade. A estratégia britânica passava por manter Portugal numa posição
que não era de neutralidade nem de beligerância activa.
Contudo, em
Fevereiro de 1916 o governo inglês, invocando a aliança, solicita a Portugal a
requisição dos navios alemães que desde o início da guerra se haviam refugiado
na neutralidade dos portos portugueses. Em resposta, a 9 de Março de 1916, a
Alemanha declara guerra a Portugal, ao mesmo tempo que incita a Espanha a
invadir o seu vizinho ibérico.
Vejamos
agora, de relance, como reagem os diferentes partidos políticos e organizações
sociais à complexa e delicada situação internacional de Portugal e à
ambiguidade manifesta dos governos nacionais quando se trata de definir o seu alinhamento
perante a guerra. A intensa polémica atravessou toda a sociedade portuguesa,
agravou as clivagens já existentes e acabou por comprometer o futuro do regime
republicano.
Entre os
muitos opositores à entrada na Guerra e aos preparativos bélicos que a
antecederam contavam-se os
unionistas
de Brito Camacho, grande maioria dos monárquicos, sindicalistas, católicos e
amplos sectores do exército. Mas as fronteiras não eram rígidas: os
unionistas perfilhavam soluções de
neutralidade: batiam-se contra a beligerância na Europa, embora fossem
favoráveis ao esforço da defesa militar das colónias; o movimento operário e
sindicalista, os socialistas e os anarquistas assumiam-se quer como pacifistas
quer como patriotas; entre os monárquicos também não reinava a unanimidade: se
uns eram abertamente germanófilos era igualmente possível encontrar
monárquicos aliadófilos. Como dizia Churchill, há momentos em que “o verdadeiro
patriotismo exige às vezes dos homens que atuem, em determinado período, ao
contrário do que atuam noutro”.
Os que
apoiavam a Alemanha faziam-no por duas ordens de razões: ou por se convencerem
que o seu triunfo representava a restauração imediata da Monarquia, ou por
verem no triunfo dos Aliados a vitória da França demagógica, ateia e maçónica e
da Inglaterra protestante e responsável pela secular humilhação de Portugal.
Entre os
republicanos intervencionistas contavam-se os democráticos e os evolucionistas.
Os argumentos aliadófilos centravam-se na situação externa do país: era
necessário quebrar o isolamento de Portugal, adquirir prestígio internacional e
reanimar a velha aliança com a Inglaterra. Aos democráticos interessava sobretudo transmitir à Europa uma imagem
diferente da que a República dera até então. Já para os monárquicos a estratégia
belicista de Afonso Costa não era inocente. Para lá da preservação dos
interesses coloniais tinha em vista pacificar os conflitos políticos internos,
envolver, em nome da salvação do país, a oposição republicana na política democrática e fortalecer a República,
coisa em que obviamente não estavam interessados.
A rejeição da
Alemanha deve entender-se no quadro da justificação republicana para a
participação de Portugal na guerra. Ela assentava na defesa das colónias, que
representavam, para os nacionalistas, um elemento essencial da identidade
portuguesa. Ora como a Alemanha vinha insistindo com a Inglaterra para a
divisão desses territórios, dificilmente abdicaria deles caso triunfasse na
guerra europeia.
Resta dizer
que a opinião pública, em geral, apoiava de bom grado a intervenção em África.
Para a grande
maioria da população não existiam razões atendíveis que justificassem a entrada
de Portugal no teatro de guerra europeu. A defesa das colónias era, aliás, o
único ponto em que monárquicos e republicanos convergiam, por considerarem a
sua posse fundamental para a sobrevivência do país. Também por isso, e porque
os germanófilos representavam uma pequena minoria,
o grande
confronto travava-se entre aliados e anti-intervencionistas.
No meio deste
ambiente de intrigas políticas permanentes havia quem defendesse que a eclosão
da guerra representava a “sorte grande” para Portugal. Tanto a independência do
país como a preservação das colónias se encontravam seriamente ameaçadas antes
de 1 de Agosto de 1914. Essa “sorte grande” ter-nos-ia saído por três lados: um
residia na possibilidade de manter o império colonial depois da guerra, a que
se somariam, provavelmente, outras vantagens; o outro permitia afastar os
sonhos hegemónicos da Espanha: se não tivesse irrompido a guerra, as nossas
colónias teriam sido partilhadas, pois entre a ameaça alemã e os interesses de
Portugal os ingleses não optariam por afrontar o militarismo germânico e, nesse
caso, as ambições espanholas cresceriam na proporção do enfraquecimento
nacional; um terceiro, finalmente, assentava na crença de que a política
interna portuguesa inflectiria num outro rumo, já que a guerra iria “criar
novas forças e abrir novos horizontes”.
Em Julho de
1916 tinha-se constituído, em Tancos, o Corpo Expedicionário Português. Boa ou
má para Portugal, a guerra tornou-se uma inevitabilidade. Devíamos marchar para
ela, com Monarquia ou República, porque se tratava de uma condição necessária
ao triunfo dos princípios democráticos. João Chagas acreditava que da Guerra
sairia um mundo novo e que ela era “um acto necessário, redentor da humanidade,
um imperativo dos valores da liberdade e da democracia e, afinal, da própria
paz”.
Para muitos,
a guerra era a única saída para um mundo que “abafava sob o peso dos
armamentos”, onde se consumiam enormes somas com os preparativos bélicos e em
que o militarismo “não cedia nem uma polegada”.
Também
António Feijó tem este aviso premonitório logo após o desencadear da Guerra de
1914-1918: “A luta contudo será tremenda e longa. Qualquer porém que seja o seu
resultado, esta guerra é o fim dum mundo, o desaparecimento duma civilização
que já começava a desconjuntar-se”.
António de
Cértima tinha a percepção que a Guerra iniciada em 1914 era especial, talvez a
última das guerras antigas e a primeira das modernas. Enquanto guerra total não
estava a ser travada com intuitos imperialistas, à procura de um espaço vital, mas por mero amor à pátria
que tinha sofrido qualquer ultraje ou agressão.
Logo nos
primeiros meses de 1916 vemos o escritor bairradino atraído por uma
significação estética da guerra, com a sua violência “cinzelante e rítmica” que
se desprendia dos combates corpo a corpo da antiguidade. A partir da provável
leitura de uma obra de Robert de la Sizeranne sobre os combates emotivos da
guerra moderna e da antiguidade, Cértima compara a guerra antiga com a moderna,
considerando a primeira “inteiramente escultórica [e por isso bela], de
relevos viris e apolíneos”, enquanto a do seu tempo seria “apenas esteticamente
auditiva” [prenunciando
o ruído metálico das descargas, as tempestades de aço que iriam abater-se nas
trincheiras da batalha da Flandres, o estampido das minas, a explosão das
granadas, ou o eco dos canhoeiros navais].
A introdução
das armas de fogo tinha provocado uma transformação nos combates, ao acabar com
os antigos “contornos varonis”. A conflagração mundial do seu tempo, ao matar
“quimicamente”, ao tornar-se “veloz como o relâmpago” – já existia o telégrafo,
que possibilitava rápidas informações, e o comboio, que acelerava a
movimentação das tropas
- deixou
de ser “escultórica e pictural” e passou a ser sobretudo “fotográfica”.
Marcaria
o início de uma carnificina tecnológica sem qualquer sopro ético.
Como se vê, a
apurada sensibilidade do autor de
Epopeia
Maldita leva-o a abordar a guerra de um ponto de vista artístico,
introduzindo-lhe, diríamos, uma verdadeira estética da violência. Para Cértima,
que cultivava e procurava preservar a perfeição como um valor, o principal
motivo da guerra seria a imperfeição. A guerra seria “a luta da Perfeição, o
combate contra o irregular, o disforme, e, enfim, o desforço pelo Belo”.
Esta
significação estética da guerra tem como ingredientes uma irreprimível vontade
de ação, o pendor do esteta que havia em António de Cértima, o culto da força e
até um certo fascínio pela violência. De facto, em nota preambular a
Discurso à Geração Lusitana, publicado
em 1934, quando se encontrava em Sevilha, escreve: “o meu espírito, educado no
gosto da violência e insubmissão das ideias, teve apenas como objectivo criar
um movimento violento de consciência na geração lusitana”.
A
temática da estetização da guerra, que como vimos o atraiu em 1916, seria
retomada numa palestra que proferiu em 1919 e vertida posteriormente no artigo
intitulado “A significação estética da guerra europeia”, publicado em vários
números da revista mensal
A Guerra,
órgão da Liga dos Combatentes da Grande Guerra.
Em Maio de
1916 António de Cértima é mobilizado para Moçambique, após prestar serviço
militar em Mafra. Dá conta disso em carta que dirige ao amigo Armando Esteves e
na qual espelha bem o seu fervor patriótico: “Sou português. A Pátria
chamou-me. E indo de joelhos até ela, servi-la-ei depois, armado o braço até
Deus, como a tem servido os guerreiros da mesma Raça. Em breve vou partir
[...
],
creio que Portugal revive hoje as grandes épocas da História que o Infante
iniciou em Sagres
[...
]. E
destas núpcias de sangue e de sonho um novo Lusíada surgirá. E por isso eu
parto feliz de mim mesmo”.
Animado de
convicções nacionalistas, o futuro autor de
Epopeia
Maldita terçava armas por um Portugal que acabou a 25 de Abril de 1974. Há,
em Cértima, uma ideia de história de Portugal que passava pela exortação da
guerra e era vivida de modo exaltado, a lembrar feitos gloriosos como os de
Aljubarrota e dos descobrimentos. Há também, nele, uma espécie de amor e também
horror viril pela guerra. Não era propriamente um belicista, mas também não era
um pacifista: dir-se-ia que oscilava, tal como Homero e Tolstoï “entre a
humanidade ardente que rebenta na alegria da agressividade e o desprendimento
do sacrifício onde se consome o regresso ao Uno.
É imbuído
deste espírito que parte para Moçambique a 24 de Junho. Num derradeiro postal
escrito poucas horas antes, Cértima despede-se do seu íntimo amigo, padre
Acúrcio Correia da Silva, e da Bairrada que tanto amava: “Acúrcio: Parto para
Moçambique daqui a alguns momentos. Adeus! Sim, por S. Jorge e por Portugal! Sê
tu o portador do meu adeus à Bairrada, -
terra minha bendita!”
Acúrcio
responde: “O teu adeus aqui fica, meu grande amigo – a dizer a esta luminosa
terra dos roseirais e dos pâmpanos o muito amor que lhe tens, e as saudades por
ela que tu levas
[...
].
Bairrada, Bairrada! Terra minha bendita... – Sim, ela ouviu o teu adeus,
António”.
Parece
notória, nestas mensagens de despedida de António de Cértima, se não já a
consolidação de uma ideologia nacionalista autoritária, pelo menos a definição
de uma “essência eterna”, a alusão à herança da tradição portuguesa, ao
recorrer a factos simbólicos
[a epopeia das Descobertas
] e a personagens que de
algum modo encarnavam valores messiânicos.
A perspectiva
da guerra tinha operado em Cértima uma autêntica transformação mental. As
energias que anteriormente canalizava para uma miríade de interesses estavam
agora concentradas no apelo da Pátria: “deixei de ser o indivíduo de ontem.
Todas as atribuições espirituais que noutro tempo me preocupavam entre os
homens, em contacto com o infinito da natureza e das coisas, congregam-se agora
numa concentração total, vassala dum só pensamento, duma única vontade: a de
bem cumprir um dever nacional.
Procurava assim esquecer as preocupações que o absorviam e fervilhavam na sua
cabeça. Importante, naquele momento, era aperfeiçoar uma energia nova que lhe
circulava no sangue como “um cachão de lava febril”. Era o fervor patriótico
que o levava a denunciar o estado de alma a Armando Esteves: o meu amigo não
calcula quanto me seduz este momento.
O jornal
republicano
Bairrada Livre, onde o
escritor colaborava há algum tempo, também é brindado com calorosas e sentidas
palavras de despedida: “À hora grandiosamente histórica em que vai partir para
a defesa acrisolada desta Pátria bendita em Moçambique, entregando-lhe,
orgulhoso, o seu valor de homem e de português, envia a essa Redação as mais íntimas
despedidas – o amigo, António de Cértima”.
A decisão
inabalável que o levou a partir para África não pode desligar-se da questão de
se saber quem defende, e como se defende, durante a guerra, o interesse
nacional. A sua posição perante o conflito – contrária à dos monárquicos e
integralistas - coincidia com a
dos que se mostravam capazes de abdicar dos interesses partidários e colocar,
acima deles, o interesse nacional. Por isso se condenava, também, toda e
qualquer tentativa para derrubar a República durante o esforço de guerra.
Cértima não
combateu pela República durante a Primeira Grande Guerra. O que verdadeiramente
o animava era Portugal e a manutenção da integridade das colónias, que ajudou a
preservar de armas na mão, numa verdadeira odisseia de companheirismo,
idealismo e heroísmo. Por isso sobrepunha a ideia de Pátria à questão do
regime. Ele próprio se encarregou de o confirmar, quando proclamou: “Pela
ideia de Pátria, defendida pela pena e
pela palavra, fui eu até aos inóspitos sertões de Moçambique”.
Não deixa até
de ser curioso anotar, nesta linha de raciocínio, que no próprio dia do
embarque, a bordo do vapor Zaire, se interrogue ao mirar a multidão no cais:
“perguntei comigo próprio se acaso estava ali, naquela manifestação que nos
faziam, a falada
alma nacional ou a
alma dum ministério político”.
Cértima terá
percebido, desde muito cedo, que o principal objectivo de política interna era
transformar os cidadãos nacionais em republicanos leais e convictos. Dito de
outro modo, transformar a causa da guerra na causa da República. Segundo Vasco
Pulido Valente, havia uma “lógica oculta” na política
democrática: envolver e mobilizar o país inteiro, a pretexto da
guerra. A intervenção ativa de Portugal no teatro de guerra europeu seria “o
método perfeito para disciplinar o País e o converter à República”.
Não
admira, assim, que em Março de 1916 se tenha constituído um governo de
União Sagrada, formado por
democráticos e
evolucionistas e presidido por António José de Almeida.
A ideia era
promover a unidade de todos os republicanos sob a chefia dos
democráticos. O problema é que a
União Sagrada, possível e tardia, só
teoricamente significou o abater das bandeiras partidárias perante o esforço de
guerra. Não contava com os
unionistas
de Brito Camacho, nem com os
intransigentes
de Machado Santos, nem com os socialistas e muito menos com os monárquicos.
Machado Santos, o “herói da Rotunda”, acabaria mesmo por encabeçar uma revolta,
em 13 de Dezembro de 1916, contra um sistema de recrutamento que alistava no
corpo expedicionário recrutas e oficiais milicianos e deixava de fora o corpo
permanente de oficiais que colocava sérias reservas à política de intervenção.
Gente
mais conservadora em quem a República pouco confiava.
A manipulação
dos sentimentos patrióticos através do recurso argumentativo aos problemas
internos do próprio regime não colheria sucesso. À estratégia de mobilização
montada pelo partido democrático
correspondeu uma forte contra mobilização travada pelos seus inimigos, alguns
deles inimigos declarados do próprio regime. As dificuldades eram de monta:
agudização da crise económica e social, falhas nos abastecimentos, subidas de
preço dos géneros de primeira necessidade, violência e instabilidade política
interna, atraso militar, ausência de um consenso mínimo entre os próprios
partidos republicanos e, até, a ambiguidade inglesa quanto à participação de
Portugal no conflito europeu.
4. Cértima e o pós-guerra: fragmentos de um
discurso nacionalista autoritário
Regressado à sua Bairrada no
final da guerra, António de Cértima viria a colaborar em Gente Nova, título dum jornal que foi órgão e porta-voz das ideias
da Plêiade Bairradina, com sede em Oliveira do Bairro, e no qual aparecia como
redactor no cabeçalho, ao lado de Manuel Correia da Silva. O primeiro número
viu a luz do dia em 22 de Maio de 1919 e o último, o número 37, tem data de 28
de Fevereiro de 1920.
O jornal anunciava-se, pois, num
tempo de impetuoso tumulto da vida pública que caracterizou o pós-guerra. O
Presidente da República Sidónio Pais fora assassinado a 14 de Dezembro do ano
anterior, na estação do Rossio, em Lisboa. Em Janeiro de 1919 é restaurada a
Monarquia no Porto através de um movimento liderado por Paiva Couceiro. Nesse
mesmo mês a Monarquia é também proclamada em Espinho, Vila Real e Estarreja.
A 27 de Janeiro de 1919 dá-se o
célebre combate das Barreiras em Águeda
-
mais concretamente entre Recardães e Serém
-
entre os realistas da Monarquia do Norte e as forças republicanas. A 29
combate-se rijamente em Angeja, com as tropas republicanas a infligir sérios
revezes nos revolucionários monárquicos.
Em Fevereiro continuam os
confrontos entre republicanos e monárquicos em áreas geográficas a norte da
Bairrada, nomeadamente Estarreja, Pinheiro da Bemposta e Oliveira de Azeméis. O
jornal Gente Nova vê a luz do dia
pouco tempo depois de ter sido levantado o estado de sítio decretado na
sequência da revolta monárquica de Monsanto e pouco tempo antes da demissão
colectiva do efémero governo chefiado por José Relvas, que tomara posse dois
meses antes.
No meio deste “trágico cachão de
paixões excessivas”, Cértima entende que a missão do jornal, o seu mais elevado
fim intelectual, é “manter-se alheio a interesses de facção, a utilitarismos e
benesses de seita”. De preferência o mais longe possível do “aversivo
pandemónio político”, fazendo, isso sim, a política
da Pátria, que consistia em “contar as galhardias da raça, procurando
formar um “austero carácter lusíada que quatro séculos de fatalidade deformaram
horrivelmente”. Para Cértima, o período áureo de Portugal foi o dos
Descobrimentos. Depois dessa gesta heroica instalara-se a decadência nacional.
Era preciso retomar o culto da grandeza imperial portuguesa, assente na fé das
grandes realizações humanas.
O primeiro número do jornal
insere um soneto seu, intitulado “Horas de Portugal”, que o autor dizia
pertencer aos “Sonetos da Minha Raça”. O último terceto é deveras elucidativo
quanto ao carácter messiânico que o animava:
“Noite. E ouve-se uma voz chamar ao povo:
- Nun’Álvares!
Nun’Álvares! de novo
Oh! Vem salvar a Terra Portuguesa!”.
Tenha-se em conta que este apelo
ao Condestável pode configurar uma estreita afinidade de Cértima com o ideário
da Cruzada D. Nuno Álvares Pereira, agrupamento elitista conservador formado em
1918, e que foi lugar de convergência de várias tradições políticas e morais
nacionalistas e de formação de importantes sectores da elite do regime do
Estado Novo. Convergem na Cruzada elites nacionais e notabilidades locais, cujo
traço de união é a resistência ao jacobinismo republicano.
Na verdade, como refere Manuel
Villaverde Cabral, “o oficial de pequena patente, humilhado em África e na
Flandres, mal pago e ressabiado contra os “políticos”, será o cerne militante
da Cruzada Nun’Álvares desde 1918”. Não deixa de ser curioso notar, também, que
Gomes da Costa – líder dos revoltosos contra a República em 28 de Maio de 1926
– figurava entre os patronos da Cruzada. O mesmo acontecia com Salazar e
Gonçalves Cerejeira, que integravam a direcção provincial de Coimbra deste primeiro
movimento que, a partir da queda do sidonismo e do fim das ilusões de
restauração monárquica, organizou “militantemente a recomposição política dos
possidentes a partir das províncias”.
A invocação da exemplaridade de
Nuno Álvares Pereira procura ressuscitar os ideais do misticismo heróico de
outras eras. Ao reciclar a velha e mitológica ambição de grandiosidade
nacional, Cértima esboça também a necessidade de uma organização alternativa
aos partidos tradicionais. É notório o apelo à submissão ou sedução das massas
a um salvador ou redentor da Pátria portuguesa. Tratava-se, também, de
restaurar a tradição e de repor a história nacional “no trilho autêntico dos
nautas, santos e cavaleiros”.
Portanto, uma exaltação conservadora das grandezas patrióticas, em que a Pátria
é quase exclusivamente encarada enquanto “galeria edificante das personalidades
extraordinárias, crónica exaltante dos grandes feitos individuais, ou epopeia
revivificante das gestas colectivas inseridas num destino providencial”.
António de Cértima mostra-se
tributário de uma concepção de história com altos e baixos, em que os períodos
de esplendor correspondem ao aparecimento de chefes carismáticos que se erguem
acima dos outros homens para os guiar. Com dificuldade em aceitar e integrar
aquilo a que Max Weber chamava o “desencantamento do mundo” – no caso português
a decadência acelerada da I República -
o culto de personagens como Nuno Álvares Pereira, normalmente transformadas em
heróis nacionais, assenta na crença de que elas são seres superiores, homens
que receberam um dom, ou uma graça, características de comando que lhes
conferem qualidades que roçam o domínio do sagrado. E sabe-se como em tempos de
crise os mitos dos heróis providenciais se alojam na memória colectiva, onde
encontram o húmus para se desenvolver.
É próprio de certos nacionalismos
promover práticas discursivas sobre o “homem providencial”, alguém que nos
“resgataria da decadência provocada por sucessivos naufrágios, favorecendo
deste modo vários deslumbramentos de
messianismo
político”.
Cértima exalta uma personalidade carismática da vida nacional, imbuído da
crença que tende a sobrevalorizar o papel dos “grandes homens” no rumo dos
acontecimentos políticos e sociais. Como é sabido, o messianismo enquanto
corrente teórica alimenta-se na descrença das fórmulas políticas, costuma
vibrar “ao sabor das ondas do irracionalismo” e desenvolve-se num “clima de
instabilidade política, económica, social e mental”.
5.
António de Cértima: um itinerário político nos anos 20
Nem a figura nem a intervenção
política de António de Cértima nos anos vinte do século passado foram até hoje
suficientemente estudadas e valorizadas. Esta faceta importante da sua vida,
talvez mesmo a que lhe granjeou mais prestígio entre os portugueses, esteve
praticamente ausente das comemorações do centenário do seu nascimento,
promovidas pela Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, em 1994. Tal homenagem
centrou-se preferentemente na produção literária, nas filiações estéticas, na
poesia, nas suas raízes bairradinas, no pensamento religioso ou no
enquadramento das suas crónicas de guerra no contexto da literatura colonial. Faltou
encaixar algumas peças para a construção do puzzle da personalidade
multifacetada deste escritor nascido na Bairrada.
Praticamente nada se disse sobre
a estruturação do seu pensamento político nos anos que viriam a culminar na
queda da I República e a abrir caminho ao Estado Novo de Salazar. Apenas
Arsénio Mota, num oportuno e pioneiro trabalho que lhe dedicou, não se furta a
anotar a adesão de Cértima ao golpe militar de 28 de Maio de 1926, o apoio ao
general Gomes da Costa, a colaboração no jornal
A Ditadura ou mesmo o culto de relações estreitas com figuras
gradas da Falange, movimento que apoiava o general Franco.
Não valorizar esta faceta crucial
da sua vida ajuda até a perceber que Cértima nos apareça hoje como uma
personalidade fortemente marginalizada no discurso político e literário sobre o
tempo que lhe foi dado viver. Por isso se procura aqui fazer incidir alguma luz
no trajecto e na teorização política que animaram a vida de Cértima no período
que medeia entre o fim do consulado de Sidónio Pais (1918) e a emergência da
ditadura militar que a partir de 1926 escancarou as portas ao Estado Novo. Esta
tentativa de lhe reconstituir o itinerário político nos anos vinte do século
passado pode desvendar-nos até que ponto ele é influenciado e exprime a sua
época. E permite avaliar, também, de que forma o seu engajamento no curso dos
acontecimentos “é exemplar ou representativo, por conter em si a concentração
de muitos destinos ou comportamentos”.
Espera-se que esta análise possa
fazer saltar “os cadeados do esquecimento e as crostas dos preconceitos”.
De
certo modo, trata-se de sondar e tentar compreender as opiniões que perfilhou,
remexendo no baú dos princípios e valores que defendeu e em que acreditava.
Embora tal análise possa provocar algum desconforto em espíritos mais
preconceituosos, com receio de que ela possa vir a beliscar ou a ensombrar um
inegável talento literário e artístico, passar uma esponja pelo papel de relevo
nacional que o autor de
Discurso à
Geração Lusitana assumiu no campo da teorização política dos anos vinte em
Portugal seria, essa sim, a pior forma de lhe prestar a devida homenagem.
Nesse período de fragmentação
crescente e de desgaste acentuado dos partidos e do próprio sistema político
liberal, o escritor bairradino era visto como um dos
novos. José Relvas, em entrevista concedida ao próprio Cértima em
1927, quando este colaborava no jornal
Portugal,
retratava do seguinte modo essa geração: “artistas e intelectuais, desertaram
da República visto que esta não os tratou como devia e ainda porque viveram
numa época em que se abria a decadência da Democracia. A ideia cultural que
absorveram foi, por conseguinte, mais conservadora do que radical”.
Este era o tempo em que Ramalho
Ortigão, na célebre Carta de um Velho a um Novo – dirigida a João do Amaral e
publicada no diário
A Restauração, de
Homem Cristo Filho – obrigava “a elite dos velhos a curvar-se rendidamente
perante a elite dos novos”, que definia como uma “nova ala de namorados”,
jovens que quotidianamente “arriscam os seus interesses, a sua liberdade e a
sua vida”, uma plêiade estudiosa que sente a necessidade da “reeducação
integral do povo português”, num país onde “combater apenas o analfabetismo do
povo por meio de escolas primárias e de escolas infantis sem religião e sem
Deus” não era salvar uma civilização, mas sim “derruí-la pela base por meio do
[...
]
envenenamento das ideias”.
Nos anos 20 Cértima colabora n’A Ditadura, jornal que a si mesmo se
intitulava periódico do fascismo português. Escreve também no Portugal, órgão da Acção Nacionalista,
onde colaboram sidonistas e radicais de direita, de formação integralista. Era
o tempo em que António Ferro escrevia bilhetes de pêsames à república gagá e
titubeante. No discurso político de A
Ditadura estão presentes dois elementos do apelo fascista do pós-guerra:
são eles a juventude e o antigo combatente. Será no apelo ao ex-combatente que
Cértima se vai destacar.
Quando se aborda a influência dos
fundamentos imperiais, “africanos”, do fascismo em Portugal, é inevitável falar
de António de Cértima, “personagem que vem da guerra de África (
Epopeia Maldita,
Legenda Dolorosa do Soldado Desconhecido de África) através do
modernismo literário, até ao nacionalismo fascizante”.
A experiência da guerra em África
levaria António de Cértima a apelar ao
antigo
combatente, procurando catalisar para a sua causa os soldados desiludidos.
Chama ao ex-combatente “um produtor da força heroica (...), o homem de maior
autoridade nacional”. E acrescenta: “Não erraremos ao afirmar que a legião dos
Combatentes da Grande Guerra está em massa com a Ditadura Militar (...). Porque
o programa político da Revolução tem raízes fortes e sagradas na epopeia
reflexiva das trincheiras. A libertação moral operada na consciência do País
com o 28 de Maio realiza ostensivamente as aspirações mais secretas de algumas
dezenas de milhares de homens que fizeram a Guerra. Nós fomos para os campos de
batalha, em 1914, todos enganados (...), pois a Guerra só serviu os interesses
dos políticos”.
Não admira, por isso, que quando
em Junho de 1926 Gomes da Costa apresenta em Conselho de Ministros um “plano de
providências do Governo”, que reflectia o pensamento de uma das facções do
movimento militar “ideologicamente influenciada por sectores nacionalistas
próximos do Integralismo Lusitano”,
Cértima
o acolha com entusiasmo, por ver nele uma “reorganização da propriedade
nacional”, a partir da qual seria possível “efectuar-se sem discrepância a
reforma constitucional”.
Uma
reforma – entenda-se – que procurava evitar qualquer regresso à “normalidade
constitucional” que prevalecia antes da queda da República.
A tentativa de golpe de estado
promovido pela direita autoritária em 18 de Abril de 1925, protagonizada por vários
militares que no ano seguinte estariam à cabeça do 28 de Maio, foi apoiada por
António de Cértima e também, de forma resoluta, pelo republicano conservador
que era Homem Cristo.
A Ditadura
transcreve
O De Aveiro, onde o
jornalista e panfletário aveirense saúda calorosamente Mendes Cabeçadas, Sinel
de Cordes, Raul Esteves, Filomeno da Câmara e “todos aqueles que se bateram
pela redenção desta infeliz pátria
[...
] contra os infamíssimos correcionais que encheram a
terra em que nasci de ruína e opróbrio”.
Era o
tempo em que o aventureirismo das elites militares comprometia a instituição
castrense e o próprio sistema político republicano, o que levava Raul Proença a
dizer que “os militares batem o pé aos homens do governo, como a galuchos”.
Nos meses finais do regime, o
Partido Democrático, embora com maioria absoluta e um Presidente da República
por si eleito, está mais fragilizado do que nunca. Praticamente já não manda.
Apenas se limita a ganhar tempo e procura sobreviver a qualquer preço. De modo
que quando a República cai não há praticamente quem a defenda. O governo sai de
cena e deixa o Presidente da República, antes de se retirar, nomear
tranquilamente Mendes Cabeçadas. Nem os próprios sindicatos, que de forma
evidente defenderam o regime em crises anteriores, mexeram uma palha. O tempo
era já outro e os problemas também eram de diversa natureza. Prisioneira das
suas clientelas e incapaz de inovar e reformar, a República tinha-se divorciado
irremediavelmente do país. Desaba sem que ninguém levante um dedo para a
defender, com um suspiro de alívio de toda a gente, talvez mesmo de muitos dos
seus próprios defensores.
O Ditador, obra de 1926, reeditada no ano seguinte e que ostenta no
frontispício uma frase de Napoleão -
“aquele que salva a sua pátria não viola nenhuma lei” - é a todos os títulos um texto cristalino. Nele, Cértima
teoriza a necessidade de um ditador para Portugal, intuindo a necessidade de
uma chefia carismática, de um salvador, uma espécie de grande árbitro acima das
classes, dos partidos e da política em geral.
É nesta obra que “o ideólogo
fascizante”
António de Cértima reconhece, com argúcia, ter a ditadura de Pimenta de Castro,
em 1915, estado longe de patentear o carácter “nacional” de que se revestiu a
ditadura sidonista de 1918, ao observar que o primeiro era ainda “um produto
partidário e não com características nacionais. A sua acção voltou-se por isso
mesmo mais contra um partido do que contra um estado precário da nação”.
Ao
invés, o projecto sidonista integra-supera os ódios ao exclusivismo político do
Partido Democrático, funcionando como uma importante tentativa, autoritária e
moderna, de criar um “partido nacional” contra a rotina dos partidos da
República.
Se o ano de 1924 tinha sido
pródigo na apologia do messianismo e na proposta de vários candidatos a “chefe
nacional”, em 1927 António de Cértima continuava à procura do perfil ideal
desse homem carismático. Na verdade, logo a seguir ao pronunciamento militar de
28 de Maio de 1926, seriam eliminadas as facções militares cujas figuras de
proa eram o almirante Mendes Cabeçadas e o general Gomes da Costa. Cértima
apreciava este último, não deixando de lamentar o seu afastamento, mas já
admitia pacificamente o afastamento de Cabeçadas.
Quando Óscar Fragoso Carmona
aparece à frente da ditadura, Cértima não esconde a sua evidente frustração: “O
general Carmona (...) não fez mais do que obedecer a uma imposição unânime do
exército (...) não se julga por este facto investido nas excepcionais funções
de Ditador”. Dito de outro modo: havia ditadura – aceite desde o indivíduo até
à multidão, asseverava Cértima
-
mas faltava o ditador, “o Homem que corresponda ao presente estado de
consciência política, produzido espontaneamente pela sociedade”.
Em
alternativa, Cértima colocava a possibilidade do tal chefe carismático de que
andava à procura poder ser o coronel Passos e Sousa, vencedor da abortada
tentativa de revolta de 7 de Fevereiro de 1927 contra a ditadura militar.
Alguém com as características dos líderes dos fascismos europeus, um chefe
capaz de manipular as massas de modo
a que estas caucionassem, sem pestanejar, a sua política.
1 José
Medeiros Ferreira,
Portugal na
Conferência da Paz, Lisboa, Quetzal Editores, 1992, p. 86.
2 Robert
Nisbet,
O Conservadorismo, Lisboa,
Editorial Estampa, 1987, p. 11.
3 Alfredo
Pimenta foi dos poucos que «chegaram a pôr em causa a tradicional aliança com a
Inglaterra e a ostentar uma atitude germanófila». Manuel Villaverde Cabral, «A
Grande Guerra e o sidonismo (esboço interpretativo)»,
Análise Social, vol. XV [58], 1979, 2º., p. 375.
4 Homem Cristo,
Portugal na Guerra, Aveiro, Edição da Tipografia Nacional, 1917,
pp. 69-70 e 77.
5 João B.
Serra [Prefácio], in João Chagas,
Diário
I, (1914), Lisboa, Edições Rolim, 1986, p. XIX.
6 Homem
Cristo,
Portugal na Guerra, p. 30.
7 António
Feijó,
Cartas a Luís de Magalhães,
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, vol. II, p. 479.
8 António de
Cértima, “A significação estética da guerra”,
Bairrada Livre, n.º 267, 12.02.1916, pp. 1-2.
10 António de
Cértima,
Discurso à Geração Lusitana,
Sevilha, 1934.
11 Arsénio
Mota,
António de Cértima – Vida. Obra.
Inéditos. Porto, Livraria Figueirinhas, 1994, p. 38.
12 Bairrada Elegante, Ano I, n.º 5, Maio de
1916.
13 Rachel Bespaloff, Sobre a Ilíada, Lisboa, Edições Cotovia,
2005, p. 43.
14 Bairrada Elegante, Ano I, n.º 6-7,
Junho-Julho, 1916.
15 Hermínio
Martins,
Classe, Status e Poder e outros
ensaios sobre o Portugal contemporâneo, Lisboa, Instituto de Ciências
Sociais, 1998, p. 25.
16 António de
Cértima, “De algures... Carta ao Armando Esteves”,
Bairrada Livre, n.º 282, 27.05.1916, pp. 1-2.
18 Bairrada Livre, n.º 287, 01.07.1916, p.
1.
19 António de
Cértima, “A propósito da Independência d’Águeda”,
Gente Nova, n.º 4, 12.04.1919.
20 António de
Cértima,
Epopeia Maldita. O drama da
guerra de África, Lisboa, 1924, p. 25.
21 Vasco
Pulido Valente,
A “República Velha”,
pp. 80 e 87.
22 João
Bonifácio Serra, “Do 5 de Outubro ao 28 de Maio (...)”, p. 53.
23 Fernando
de Castro Brandão,
A I República
Portuguesa. Uma cronologia, Lisboa, Livros Horizonte, 1991, pp. 130-131.
24 Manuel
Villaverde Cabral, “Sobre o fascismo e o seu advento em Portugal: ensaio de
interpretação a pretexto de alguns livros recentes”,
Análise Social, vol. XII (48), 1976-4º. pp. 900, 902 e 908.
25 AAVV,
História da Primeira República Portuguesa
(Fernando Rosa e Maria Fernanda Rolo, coord.), Lisboa, Tinta-da-China, 2009, p.
10.
26 José
Carlos Seabra Pereira, “Tempo neo-romântico (contributo para o estudo das
relações entre a literatura e a sociedade no primeiro quartel do século XX),
Análise Social, vol. XIX, (77-78-79),
1983 – 3.º, 4.º. 5.º, p. 865.
27 Ernesto
Castro Leal, “A Cruzada D. Nuno Álvares Pereira e as origens do Estado Novo”,
Análise Social, vol. XXXIII, (148), 1998
(4.º), pp. 825-826.
28 Cecília
Barreira, “Messianismos, Poder e submissão”,
Diário de Notícias (Suplemento), 15.02.1983.
29 AA.VV.,
António de Cértima - Colectânea de Estudos
no Centenário do seu Nascimento (Arsénio Mota, org.), Edição da Câmara
Municipal de Oliveira do Bairro, 1994.
30 Arsénio
Mota,
António de Cértima – Vida. Obra.
Inéditos. Porto, Livraria Figueirinhas, 1994.
31 José
Mattoso, “Breves reflexões sobre o individual e o colectivo em História”,
A Escrita da História. Teoria e métodos,
Editorial Estampa, Lisboa, 1988, p. 62.
32 Jean
Orieux, “A Arte do Biógrafo”,
História e
Nova História, Lisboa, Teorema, 1986, p. 41.
33 Portugal, Ano I, n.º 154, 03.03.1927, p.
2, citado por Ernesto Castro Leal, “Heroísmo em António de Cértima: Psicologia
e Sociedade”, in
Estudos em Homenagem a
Jorge Borges de Macedo, Lisboa, Instituto Nacional de Investigação
Científica, 1992, p. 505.
34 Ramalho
Ortigão,
Últimas Farpas (1911-1914),
Lisboa, Clássica Editora, 1993, pp. 159-160.
35 Manuel
Villaverde Cabral, artigo citado, p. 891.
36 António de Cértima, O Ditador, As Crises – O Homem – A Nova
Ordem, Lisboa, Editores Livraria Rodrigues & C.ª, s.d. (1926), pp.
167-177. A obra será reeditada em 1927.
37 Luís Bigotte Chorão, A crise da República e a Ditadura Militar,
Sextante Editora, 2009, p. 93.
38 António de Cértima, O Ditador, p. 129.
39 A Ditadura, 17.08.1925, p. 1.
40 Raul
Proença, citado por João Bonifácio Serra, “Um Modelo de Análise Política do
Sistema Liberal Republicano – Raul Proença na
Seara, 1921-1931”,
Ler
História, n.º 7, 1986, p. 57.
42 António de Cértima, O Ditador, p. 39.